quarta-feira, 1 de novembro de 2017

A poesia de Drummond tem um poder transformador', diz escritor Bráulio Bessa

Foto: Wesley Rodrigues/DeFato

“É muito complicado você cobrar das pessoas um consumo da cultura regional, da cultura de raiz, se essa cultura não é entregue, se ela não chega a essas pessoas”. O entendimento é do escritor, poeta, empreendedor social e palestrante Bráulio Bessa, convidado da noite dessa segunda-feira, 30 de outubro, do Festival Drummond, em Itabira. No palco do evento montado no Memorial Carlos Drummond de Andrade, Bessa narrou sua trajetória de forma bem-humorada, contou causos e encantou o público com os versos que ganharam o país por meio do programa Encontro, da Rede Globo. Nascido em Alto Santo, no sertão cearense, Bessa tem mais de 100 milhões de visualizações no seu canal do YouTube. Ele é responsável por um grande movimento virtual de divulgação da cultura nordestina e se tornou um dos mais importantes empreendedores sociais do país. 

Foto: Wesley Rodrigues/DeFato

Em Itabira, o escritor falou sobre a batalha que travou para levar a literatura a todos os públicos; sobre sua influência na internet e o alcance ao público jovem; e a popularização de sua poesia nas manhãs de cada sexta-feira, ao lado de Fátima Bernardes. “As pessoas precisam receber o conteúdo. Acho que ver poesia na maior emissora do país estimula o espectador a ir numa biblioteca, pegar um livro. Tem muita gente boa para ser escutada e só precisa de uma chance”, disse, em entrevista a DeFato. O legado de Drummond, diz Bessa, “está vivo e é transformador”. 

No Memorial, o ativista da cultura nordestina declarou sua admiração por CDA. “A palavra tem um poder muito forte. Falo sobre poesia e até digo que a poesia é mal educada - entra no coração sem bater nem na porta – e a poesia de Drummond tem muito disso, tem um poder transformador”. O cearense recordou, de forma descontraída, um causo de um sujeito duma favela de Fortaleza, no Ceará, que teve a vida transformada pelo poema “No meio do Caminho”. Após ouvir o famoso texto do poeta itabirano, o “cabra” interpretou ‘a pedra no meio do caminho’ como sendo a pedra do crack, vício que o rondava. “Ele tinha tudo para entrar para o crime e por um poema de Drummond passou por uma transformação, foi salvo. E quantos outros causos não há?”, provocou. 

Bessa também trouxe a Itabira seu livro Poesia com Rapadura - um apanhado de versos sobre o Nordeste, amor, fé, e “tudo que há de belo na vida”. Ao término da palestra, que atraiu centenas de pessoas ao Pico do Amor, o poeta recebeu fãs, posou para fotos e autografou livros.

Fonte: http://www.defatoonline.com.br/